segunda-feira, agosto 16, 2010


Então você quer tocar Jazz?

A maioria dos textos que escrevo para o blog são inspirados por perguntas de meus alunos aqui da pacata cidade de Bragança Paulista ou às vezes ocorre algumas inspirações advindas de pessoas que usam o email para perguntar.

Ok! Desta vez o assunto é muito comum! O JAZZ!

Outro dia uma pessoa me procurou e pediu se eu poderia lhe ensinar “algumas escalas de Jazz” , assim como alguns que estão lendo este texto, parei, respirei fundo e me pus a responder essa questão que não é tão simples quanto parece, isso se você quiser realmente que a pessoa ganhe alguma compreensão sobre o assunto!

A maioria dos estudantes iniciantes de música (principalmente guitarristas) pensam que os músicos de Jazz usam escalas especiais que fazem a música “soar Jazz”. Já ouvi a história que quando uma repórter perguntou a Miles Davis como se tocava Jazz, ele respondeu: “...você não espera que o que aprendi em 20 anos possa ser explicado em alguns minutos”? Se essa história é verdadeira, não sei, porém carrega uma grande verdade.

Gosto muito de Jazz, porém, não me considero um “jazzista”, nem de longe. Acho muito engraçado quando alguém me diz que tem uma banda de Jazz ou algo parecido, pois na maioria das vezes, eles não têm nem uma mínima noção do que isso significa. Recomendo sempre a todos que tocam guitarra, independente do estilo, que estudem o Jazz. Isso vai proporcionar um entendimento muito grande sobre acordes, escalas, arpejos, interpretações, prática em conjunto, improvisações, harmonias, percepções e tantas outras coisas, aliás, quase tudo o que eu tenho ouvido de inteligente no mundo da música tem uma abordagem ou uma concepção jazzística. Então é claro, estudar Jazz só traz benefícios. Tocar Jazz é outra estória, você precisa conhecer os grandes nomes do Jazz, ouvir suas performances (de preferência acompanhado por alguém que conhece para que a pessoa possa ir te dando algumas dicas), se possível assistir a vídeos dos grandes mestres, estar consciente da vida e obra desses músicos, transcrever solos, conhecer os Standards (músicas principais) e tudo isso acompanhado de um bom orientador que vai zelar para que a parte teórica seja convertida em prática e indicar alguns caminhos. As escalas, os arpejos, os acordes e muitas outras ferramentas não mudam, porque como já diz a máxima “Jazz não é o que se toca, e sim como se toca” o que muda é a forma como você verá e utilizará tudo isso.

Essa é a razão da necessidade de um mergulho mais profundo nesse gênero para se ter realmente um pouco de autenticidade ao tocar. Caso contrário, você sempre estará nadando no raso (embora para muitos, isso seja o suficiente). Não importa o quanto os outros te elogiem e digam que você é jazzista, não importa o quanto você minta para você.

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